Eleições 2014

Confira a entrevista completa com Luciana Genro

Leandro Belles

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Diário de Santa Maria - Quais as suas recordações de Santa Maria?
Luciana Genro - Eu sempre tive uma ligação muito grande com Santa Maria. Embora tenha saído da cidade muito cedo, (com menos de dois anos de idade ela foi morar em Porto Alegre), tive um vínculo muito forte por causa dos meus avós e dos meus primos. Duas vezes ao ano, eu ia passar parte da minhas férias na casa do vô Adelmo. Então, eu mantive durante toda a infância, e até o início da adolescência, esse vínculo. Inclusive, quando a minha prima debutou, também foi o meu primeiro baile. Guardo lembranças muito carinhosas daquele momento. Foi minha estreia nessas festas noturnas e bailes.

Diário - Como começou a sua participação na política?
Luciana - Foi a partir do meu pai e do meu avô. O meu cotidiano era com o meu pai. Então, tinha uma marca muito viva da história da nossa família. Eu tinha 13 dias quando o pai foi para o exílio. Fiquei em Santa Maria com a minha mãe. Obviamente, que não lembro desse período. Mas essa história me foi contada e já tinha essa consciência politica. Então, sempre que via um político aparecendo na televisão eu perguntava: MDB ou Arena?. Para mim, o mundo se dividia entre MDB e Arena. E, inclusive, na primeira campanha eleitoral, de 79, de deputados, eu já tinha uma certa consciência, levava panfletinhos para o colégio. Então, a política fez parte da minha vida desde criança.


Diário - Como a senhora avalia a participação da mulher na politica:?
Luciana - Há um problema cultural e um problema objetivo que dificultam a participação da mulher. O problema cultura é que ainda há uma resistência dos homens de que as suas companheiras, esposas, sejam mais atuantes na política. Até pelo fato da política ser um mundo muito masculino. Então, o homem que não participa tem muita dificuldade em aceitar que a sua companheira participe. É uma questão cultural, mesmo. O problema objetivo é que as tarefas de cuidar os filhos ainda estão muito mais fortemente ligadas às mulheres e não há uma estrutura que permita  a mulher ter com quem deixar os seus filhos, para poder ter uma participação política. A política envolve atividades que em grande parte são noturnas. Então isso é um problema objetivo ter que deixar os seus filhos. Além desse mundo todo negocial. A mulher tem mais dificuldade de entrar nesse balcão de negócios. E como a politicagem é muito mais frequente que a política com "p" maiúsculo, as  mulheres acabam se enojando.

Diário - Fale um pouco sobre esse desafio de concorrer à presidência, representar um partido que contesta a política atual e tudo que se apresenta. A senhora acredita que tem condições de conquistar o eleitorado com esse discurso?
Luciana -  Para mim é uma grande honra suceder a Heloísa Helena (ex-senadora) e o Plínio Arruda Sampaio. Honra e desafio por as condições de disputa são muito desiguais. A gente enfrenta uma legislação eleitoral que privilegia os grandes partidos. No tempo de TV, eu tenho apenas 51 segundos enquanto a presidenta Dilma tem quase 12 minutos. Os problemas do financiamento das campanhas. As grandes empresas, bancos, multinacionais, empreiteiras são os grande financiadores que doam milhões. O teto de campanha da Dilma está colocado em R$ 290 milhões. O meu está em R$ 900 mil e eu nem sei se vou chegar a esse valor. Por que o PSOL não recebe dinheiro de empreiteiras, bancos e multinacionais, que são os mais interessados em doar para receber favores dos governos depois. Por isso que o partido proíbe esse tipo de doação.

Além disso, a gente enfrenta uma cobertura da mídia muito desigual, principalmente da mídia televisiva. Por exemplo: eu não tive o direito de ser entrevistada na bancada do Jornal Nacional por 15 minutos, como os quatro primeiros tiveram. Eu tive 40 segundos. É ridícula a diferença do espaç"

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